A Petrobras e o futuro


O mundo caminha, e precisa caminhar com maior velocidade, para o consumo de energia de baixo carbono, de modo a conter o aquecimento global. Levará tempo, porém, até que a ampla utilização de combustíveis fósseis seja substituída pela de energia limpa. É nesse mundo em transição energética que a Petrobras conclui seu Plano Estratégico 2023-2027, a ser anunciado em novembro. Esse plano, como mostrou reportagem do Estadão (13/10), prevê corretamente o fortalecimento da exploração de petróleo numa nova área, que pode se transformar num novo pré-sal, bem como a expansão da atuação da empresa em energia renovável.

O mundo ainda depende fortemente do petróleo – e os temores diante do risco de interrupção de seu fornecimento depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, com a expressiva alta da cotação do produto, deram a dimensão econômica dessa dependência. As imensas reservas de petróleo identificadas nos últimos anos constituem, por isso, um ativo precioso que a Petrobras precisa explorar para atender à demanda mundial ainda muito forte, ao mesmo tempo que abre caminho para a geração de energia limpa, como será exigido em um futuro próximo.

O novo Plano Estratégico da Petrobras deve ter, como novidade, a forte concentração de investimentos na exploração da chamada Margem Equatorial formada por cinco bacias sedimentares que se estendem da costa do Amapá até o Rio Grande do Norte. Segundo a reportagem, essa é a aposta da empresa para aumentar suas reservas e sua produção de petróleo.

Após a descoberta do pré-sal e da confirmação de seu potencial, apesar dos custos de exploração, os investimentos plurianuais da Petrobras subiram vertiginosamente, até superar US$ 200 bilhões. Os escândalos revelados durante as investigações dos casos de corrupção que ficaram conhecidos como petrolão, associados à utilização da Petrobras pelos governos do PT para controlar a inflação por meio do congelamento dos preços dos combustíveis, não apenas reduziram a capacidade de investimento da empresa, como fizeram crescer exponencialmente sua dívida.

Desde o afastamento do PT do governo federal, em 2016, a Petrobras vem executando um plano de reorganização financeira concentrado na redução da dívida e na venda de ativos que não fazem parte da atividade que definiu como principal, que é a prospecção e exploração de petróleo. O novo Plano Estratégico, segundo o Estadão apurou, deve mostrar uma sensível recuperação da capacidade da empresa de investir, agora numa nova área promissora.

O Plano deve também contemplar a modernização de refinarias – o programa de vendas das unidades de refino não avançou como a empresa previa –, uma atuação mais forte na produção de biocombustíveis de alto valor e reforço nos investimentos na descarbonização da produção e nos estudos para a geração de energia eólica para a produção de hidrogênio verde.

Ainda que haja críticas à lentidão com que a empresa vem se movendo na direção da energia limpa, o rumo a ser definido no novo Plano Estratégico pode ser promissor.