Governo não faz esforço para reduzir despesas


O economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse à CNN nesta sexta-feira (11) que o governo federal está espelhando uma situação de “cobertor curto” e não tem planos para cortar e excluir gastos.

Segundo ele, o que se vê hoje é um esforço, quase que exclusivo, de atribuir o problema para o lado da receita. Mas, do lado da despesa, há muita coisa que pode ser feita.

“Tem espaços que permitiriam não só acalmar nossa vida financeira, mas também mudar as prioridades dos gastos, como Previdência, folha de pagamento do governo, um monte de subsídios. Isso permitiria uma trajetória de queda da dívida. Hoje, mesmo com o esforço que todos reconhecem, vai ser difícil e a dívida vai continuar subindo.”

Para o ex-presidente do BC, o que se procura são soluções permanentes, porém não são suficientes. “Ficam contando com pequenos ajustes não recorrentes quando se quer recuperar uma credibilidade fiscal que — foi perdida no governo Dilma.”

O governo Lula tem até 31 de agosto para entregar o Projeto de Lei Orçamentária de 2024. De forma clara, devem ser apresentadas medidas que serão adotadas para cumprir a meta fiscal de tirar as contas do vermelho e zerar o déficit primário.

Fraga opina que alterar esse déficit primário de uma vez é um exagero, mas pode ser corrigido ao longo do tempo.

“Quanto ao déficit zero, é importante lembrar o que estamos fazendo do déficit primário, pois ele não vai zerar tão cedo.”

Fraga pontua que o país tem uma taxa de juros muito alta e que isso precisa ser incorporado ao processo olhando a trajetória da dívida para frente. “Houve uma queda recente, mas foi, sobretudo, por inflação alta e preço das commodities também altas. Mas, isso não vai ficar subindo para sempre.”

Por esse motivo, o economista disse achar difícil chegar zerar o déficit primário.

“Isso já é um problema, porque o Brasil precisa caminhar com um superávit para estabilizar a nossa vida financeira, acalmar as expectativas e fazer com que o país tenha um juro de longo prazo mais baixo.”

Clique aqui para assistir a entrevista