Casa das Garças

Análise econômica precisa ir muito além das eleições, diz Pedro Malan na CasaFolha

Data: 

09/10/2024

Autor: 

Pedro S. Malan

Veículo: 

CasaFolha

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Na plataforma de streaming da Folha, ex-ministro explica como olha a economia e relembra momentos cruciais do passado

Folha

As disputas municipais deste ano e, sobretudo, a antecipação da eleição presidencial de 2026 tendem a atrair a atenção de investidores, empresários e quem quer que faça análises econômicas, mas, para o ex-ministro Pedro Malan, diversas questões se desdobram em um prazo muito mais longo.

“É fundamental que haja um horizonte de tempo que vá além das eleições de 2026”, diz o economista, que comandou a pasta da Fazenda de 1995 a 2002, durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Ex-presidente do Banco Central (1993-1994), Malan defende a necessidade de olhar para situações que se tornarão concretas somente décadas à frente. Não que a política imediata seja insignificante em suas análises. Ao contrário, em seu curso na recém-lançada CasaFolha, o ex-ministro atribui importância decisiva às interações entre o mundo da economia, o do social e o do político-institucional.

“Tenho enorme dificuldade de imaginar análises que sejam relevantes e que não procurem, de alguma maneira, mostrar as relações entre essas três dimensões”, afirma.

E, quando pensa em política, Malan não trata apenas do ponto de vista eleitoral. Ele considera fundamental levar em conta o clima entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

“Todo e qualquer investidor, doméstico ou internacional, olha com enorme atenção para a funcionalidade ou disfuncionalidade do relacionamento entre os três Poderes da República”, diz.

As avaliações estão no curso “Uma nova visão sobre a economia”, que o ex-ministro conduz na CasaFolha, uma plataforma de streaming da Folha com aulas exclusivas.

Todos os vídeos já estão disponíveis para assinantes em casafolhasp.com.br. A iniciativa começou com dez cursos completos de personalidades de destaque em diversas áreas, e novos conteúdos serão incluídos todos os meses.

A partir do dia 17 de outubro, por exemplo, a plataforma terá dois novos cursos: “Criando marcas de valor”, com a multiempresária Natalia Beauty, e “O potencial do cérebro”, com a neurocientista Suzana Herculano-Houzel.

Nas aulas de Malan, ele explica algumas tríades que, nas suas palavras, “foram muito importantes na minha vida, desde o início, e continuam sendo até hoje a maneira pela qual eu olho o Brasil e seu futuro”.

ESTRUTURA DO CURSO DO PEDRO MALAN

São oito aulas na CasaFolha

  • Aula 1 – Introdução
  • Aula 2 – O tempo na análise econômica
  • Aula 3 – O espaço na análise econômica
  • Aula 4 – Economia, política e sociedade
  • Aula 5 – Negociação da dívida externa
  • Aula 6 – Plano Real
  • Aula 7 – Tripé macroeconômico
  • Aula 8 – A importância da estabilidade

O ex-ministro conta que percebeu em seu curso universitário, no começo dos anos 1960, que política, economia e sociedade não são campos distintos: cada uma dessas esferas sofre pressões derivadas das outras duas.

Uma segunda tríade que Malan explora na CasaFolha tem a ver com o tempo: o curto, o médio e o longo prazo.

O economista apresenta como exemplo de curto prazo as negociações diárias na Bolsa ou o câmbio, que demandam de empresas e investidores uma reação quase imediata. Quando se consideram dados de emprego ou do PIB, por outro lado, a velocidade de ajuste é diferente, mais lenta, tendo em vista o médio prazo.

Por fim, existem tendências de longo prazo que precisam ser conhecidas, pois terão enorme impacto no futuro. Ele menciona mudanças como urbanização e envelhecimento da população, com todas as consequências que elas acarretam em termos de investimentos —em energia, comunicação, transporte, habitação, saúde, educação etc.

São questões que envolvem uma perspectiva de décadas. “O que não quer dizer que se possam esperar décadas para que elas possam ser tratadas. Tudo é gradual nessas áreas, mas existem urgências nesse gradualismo”, diz o ex-ministro.

Uma terceira tríade que Malan explica diz respeito ao passado, o presente e o futuro. Dizendo-se fascinado por história, o ex-ministro afirma que a condição necessária para vislumbrar os futuros possíveis é saber como o passado nos trouxe até o momento presente.

Citando o investidor Howard Marks, ele diz: “Você pode não conhecer o futuro, mas é bom que você tenha muito boa ideia de onde é que você se encontra”. Malan afirma que o conselho foi pensado para agentes do mercado financeiro, mas que, na sua visão, ele vale para qualquer pessoa, qualquer empresa, qualquer instituição e qualquer país.

O economista ainda menciona a tríade formada pela dimensão nacional, regional e global. “Nenhum país é uma ilha”, diz, e o Brasil tem pretensões legítimas de ter peso no mundo —completa ele.

No curso, Malan também mostra como essas análises se aplicam a momento decisivos da história recente, como a negociação da dívida externa brasileira (quando ele precisou conciliar os interesses de mais de 800 credores), o Plano Real e a criação do tripé macroeconômico, entre outros —o ex-ministro esteve na linha de frente em todos eles.

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