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A política econômica está enfrentando um déficit de credibilidade, e há pelo menos sete escolhas questionáveis desse governo que poderiam, talvez, explicar esta desconfiança.
O primeiro problema é com a bagagem. Os economistas petistas, ou petistas em posições de economia, jamais acreditaram em equilíbrio fiscal. Há “moderados” que se refugiam em debochar do “pensamento único” e os que combatem abertamente a responsabilidade fiscal. Uma vez no governo, entretanto, todos tentam praticar, e são exaltados pelo “pragmatismo”. Mas como encenam uma convicção que de fato não possuem, é normal que não se mostrem convincentes.
O segundo problema tem a ver com a PEC da transição. Ali o governo contratou um nível gigante de gasto público, claramente excessivo. Ao afundar o pé no acelerador fiscal, era certo que Banco Central teria que pisar no freio, a fim de cumprir a meta do próprio governo. Com isso, o país foi encaixotado em uma inconsistência (o nome técnico é crowding out).
O terceiro problema é com a falta de ideias na economia. O governo não tinha planos sobre o assunto e continua sem ter. As ações e programas do passado não respondem às dúvidas de hoje.
Ademais, os seis ministérios que já compuseram o ministério da economia (Fazenda, Gestão, Orçamento, MDIC, Trabalho e Previdência) possuem titulares de perfil político. Nada de novo vai vir daí.
A quarta dificuldade foi a escolha de prioridades do ministro Haddad: o arcabouço e a reforma tributária. Sobre esta última, chegou a dizer que era para ter influência comparável ao Plano Real, o que apenas sugere que ele não tinha clareza sobre nenhum dos dois.
A quinta escolha complexa foi o próprio recheio do “arcabouço”. Como o novo sistema não tem a força limitadora do antigo, prevaleceu a sensação de descompromisso com o assunto, que não se resolve no gogó do presidente.
Em sexto lugar, o governo sucumbiu à ilusão pela qual era possível resolver o problema fiscal pelo lado da receita. Seria ótimo se bastasse fazer “justiça tributária” e cortar privilégios. Ou mesmo simplesmente cobrar. Mas não é.
Haddad hesitou, ouviu a Receita e foi ver o Papa para falar da tributação dos super-ricos. Não é bom ver o ministro esperando um milagre, ou jogando para a torcida, especialmente no assunto de impostos, e na véspera da tal reforma da renda, sobre a qual adora dissertar.
O sétimo erro foi o pacote de corte de gastos, anunciado pelo ministro em cadeia nacional de TV, um fiasco que apenas revelou uma atmosfera de Nova República: quem (acha que) está salvando a Democracia não faz conta.
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