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Mistura de irmão mais velho e figura paterna
O Tempo
Depois de longo período adoentado, aos 93 anos, Guy Affonso de Almeida Gonçalves, mais conhecido como Guy de Almeida, faleceu na última sexta-feira, 2 de maio, em seu apartamento em Belo Horizonte. Cidade onde nasceu e viveu, exceto por onze anos em que, exilado pela ditadura militar, residiu no Chile e Peru.
Nas décadas de 1950 e 1960 (até 1964), foi um dos principais jornalistas de Minas Gerais, chefe de redação do “Diário de Minas”, chefe da sucursal do “Jornal do Brasil”, e colaborador do semanário “O Binômio”.
Fernando Gabeira foi seu foca e se lembra do apelido de Guy no “Diário de Minas” – Sá Onça – pelo rigor com que exercia a chefia da redação. Notabilizou-se também pelas entrevistas que fez com importantes políticos mineiros, inclusive o ex-governador Milton Campos, que lhe revelou em primeira mão que iria candidatar-se a senador em 1958.
Vida no exílio e volta ao Brasil
Perseguido pela ditadura militar, exilou-se inicialmente em 1966 no Chile, onde trabalhou na agência de notícias Inter Press Service; e posteriormente no Peru, onde foi assessor de comunicação do Grupo Andino.
Retornou ao Brasil em 1977, assumindo a coordenação editorial do “Jornal da Casa”, do “Diário do Comércio”, em Belo Horizonte. Em 1984, coordenou a criação da TV Minas, ligada à Secretaria de Cultura do Governo de Minas Gerais.
Em 1985, foi secretário geral do Ministério da Cultura e entre 1986 e 1988 Chefe do Gabinete Civil do Governo do Distrito Federal, na administração de José Aparecido de Oliveira, seu grande amigo. José Aparecido fazia política e Guy administrava o governo, dizia-se então em Brasília.
Entre 1990 e 1991, coordenou em Roma, Itália, o projeto Technological Information Promotion System, das Nações Unidas.
Em 1992, retornou ao “Diário do Comércio” como consultor. E em 1996 assumiu a coordenação do Projeto Mercosul, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, onde permaneceu até 2002.
Família
Sobrevivem-lhe a esposa, minha irmã Clelia, quatro de seus cinco filhos, Beatriz, Arnaldo, Guilherme e Guy, e oito netos. Seu filho Artur, jornalista como ele e que trabalhou na TV Globo em Belo Horizonte, faleceu precocemente.
Concluo em nota pessoal. Guy foi para mim uma mistura de irmão mais velho e figura paterna. Jogávamos basquete no XV Veranistas, no Bonfim, e conversávamos sem parar sobre política e economia. Foi por sua influência, pois cursava Sociologia e Política na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, que decidi me tornar economista. Devo-lhe minha formação política e escolha profissional. Faz-me imensa falta.
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