Casa das Garças

Arminio defende que governo apresente proposta de ajuste fiscal ‘profunda e ousada’

Data: 

24/03/2025

Autor: 

Arminio Fraga

Veículo: 

Valor

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O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga disse acreditar que, se o governo apresentasse uma proposta de ajuste fiscal “mais profunda, mais ousada e quantitativamente relevante”, a resposta positiva viria e não seria negativa para o crescimento econômico.

Para ele, é preciso compromisso para reduzir o endividamento público, não apenas estabilizá-lo. “Vivemos uma situação que claramente não é sustentável. A questão da economia brasileira não é falta de previsibilidade, é que ela tem sido previsível e para pior. Estamos pilotando situação de que pode acabar bem mal. Nesse momento precisamos de compromissos críveis”, afirmou Armínio, que participa de um painel no evento “Rumos 2025”, organizado pelo Valor.

Fraga destacou o nível elevado das expectativas de inflação e dos juros reais de longo prazo, ao dizer que “não é possível” pagar uma taxa de juros de 7% somada à inflação para papéis que vencem em 30 anos.

“O ajuste que precisamos vai além do primário, a dívida precisa cair, não adianta estabilizar”, complementou.

Em sua avaliação, existem três áreas em que o governo pode atacar para reduzir o endividamento. A previdência, que “continua piorando a despeito das reformas”, a folha de pagamento do Estado – juntas, consomem 80% da despesa do governo -, e os gastos tributários, que somam outros 7% do PIB.

“Se cada uma dessas áreas pudessem contribuir com 2 pontos porcentuais do PIB cada um, mudaria a cara do Brasil. Mas hoje essas duas áreas [previdência e funcionalismo] não estão sob discussão”, disse Armínio, que elogiou também a discussão sobre a reforma do Imposto de Renda, promovida pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad. “Está na direção correta.”

Ao participar do evento Rumos 2025, do Valor, Fraga foi questionado sobre se o Brasil estava em um quadro de dominância fiscal e afirmou que o mix de política macroeconômica “está errado”. “Se o Banco Central está tendo de levar o juro real para próximo de 10%, é um sinal de que ele está pedindo ajuda. Ele precisa de ajuda e quem tem ajuda para dar é a área fiscal. O mix da política macro está errado.”

Para Fraga, só de haver uma discussão sobre dominância fiscal “já significa que há alguma probabilidade de esse negócio acontecer”. “Existe risco? Existe. Mas não é doença terminal”, afirmou o executivo, que é sócio da Gávea Investimentos.

Ele, inclusive, destacou que, em 1999, o governo de Fernando Henrique Cardoso se comprometeu com um ajuste fiscal, que foi feito, e, ainda assim, houve algum crescimento econômico, o que contrariou a expectativa de uma contração da economia brasileira. “Fez-se o ajuste de 4% do PIB e a economia cresceu e engrenou”, destacou o economista.

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