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O ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, alertou nesta sexta-feira, sobre os “sinais bem complicados” que o mercado vem dando, durante sua participação no evento promovido pela República.org, para debater as mudanças necessárias na administração pública.
Mesmo com o choque de juros que o Comitê de Política Monetária (Copom) fez na última quarta-feira, subindo a taxa Selic em um ponto percentual a 12,25%, o dólar fechou ontem em alta de 0,43%, a R$ 6,03. A cotação continuou pressionada apesar de o BC também ter feito leilões da moeda por dois dias seguidos.
—Uma coisa que me assusta é que nós estamos vivendo agora uma situação em que o mercado, aquele ser meio maluco, meio maníaco-depressivo, mas que até agora não se inventou uma maneira melhor de se organizar uma economia, está dando sinais bem complicados — disse.
Arminio afirmou que o dólar (pressionado) está assim”não é de hoje”, e o movimento reflete “um conjunto de medos e riscos”.
Ele lembrou que o Brasil cresceu muito nos últimos dois anos em meio e o desemprego “está lá embaixo”, mas há sinais de que é necessário “um grande ajuste não só suficiente para ter taxas de juros decentes, vai muito além”. Para o economista, tem que se “repensar as prioridades do Estado”.
— Quando eu falo de ajuste, eu estou falando de coisas grandes, o que tem de grande para mexer? Onde está dinheiro? Tem dinheiro na Previdência que é de longe o gasto que cresce mais, tem dinheiro na folha de pagamento, que é um problema que vai muito além do governo federal, tem que incluir estados e municípios, e tem também esse festival de subsídios que não fazem o menor sentido — afirma o economista.
Tratando desse conjunto de despesas, ele afirma que “sai um Brasil muito melhor, muito mais eficiente que cresce mais rápido”.
Na participação no mesmo evento, Arminio chamou a atenção para a necessidade de se fazer avaliação do pessoal, além da avaliação institucional das políticas públicas:
— É natural pensar que, além da avaliação institucional, deveria ser algo perfeitamente óbvio avaliar as pessoas, as carreiras que funcionam, que cumprem seu papel, no caso do Estado, de forma equilibrada. O Estado não é uma empresa privada, mas a ideia que avaliar é bom, é importante, está preservada.
Arminio participou da elaboração de um anteprojeto de lei para regulamentar o Artigo 41 da Constituição, juntamente com os economistas Carlos Ari Sundfeld e Ana Carla Abrão, que prevê a possibilidade de avaliação de desempenho, inclusive a hipótese de demissão:
— Mediante a criação de um RH arrumado é possível avaliar as pessoas e a possibilidade de demissão. A ideia não é fazer um expurgo stalinista, nada disso. Ao contrário, é fazer o Estado funcionar melhor. O projeto lida também com esse manicômio de carreiras do setor.
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