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O apoio que o governo Jair Bolsonaro já teve entre o empresariado não é mais o mesmo, segundo o ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, Arminio Fraga. Na Live do Valor desta quinta-feira, o economista disse que pelo menos uma parte dos empresários é favorável ao impeachment do presidente.
Questionado se acredita que o atual governo já perdeu apoio do empresariado, ele respondeu: “Eu diria que sim. Eu não vou falar, todo mundo morre de medo, é da natureza da coisa, mas acho que a turma já entendeu que aquela promessa de governo liberal na economia e mais manso nos temas de costumes, que isso já era.”
“Qualquer um bem informado a essa altura do jogo vai dizer ‘espera aí, vamos evitar os extremos’. Acho que o empresariado é muito firme em cair fora dos extremos, [em ver que] os dois estão dando totalmente errado, ‘vamos procurar alguma coisa aqui no meio, procurar um pêndulo, mas um pêndulo mais curtinho, mais civilizado’”, completou.
Questionado se o pensamento predominante no meio empresarial é a favor ou contra a continuidade do atual governo, disse: “Eu não vejo o empresariado como sendo uma coisa monolítica, ainda acho que tem muita gente dizendo ‘não, vai dar dor de cabeça, pode gerar um comportamento perigoso, deixa estar, vamos resolver isso daqui a dois anos’. Tem outros que dizem ‘não, não dá para aguentar, é demais, é melhor resolver isso agora, inclusive para a economia’.”
“Não tenho uma pesquisa, mas que há um movimento bastante relevante e que está mobilizando as pessoas, isso eu não tenho dúvida”, concluiu.
Segundo Arminio, a chance de novas mesas na Câmara dos Deputados e no Senado estarem alinhadas ao presidente pode dar algum alento ao governo federal, mas não garante um caminho tranquilo até 2022 nem a reeleição do presidente.
“A eleição dos dois favoritos do governo [na Câmara e no Senado] daria alguma margem de manobra ao presidente. Isso não significa que ele não tenha de lidar com esses enormes desafios do país”, disse . [Também] É difícil isso se ligar com as chances de reeleição [de Bolsonaro] em 2022″, afirmou ele.
Questionado em outros momentos sobre os processos de impeachment contra Bolsonaro, Arminio evitou dar opiniões mais incisivas, mas reconheceu que esse é um sentimento crescente na sociedade. “Há um descontentamento bastante relevante do empresariado, não tenho dúvidas de que esse tema está mobilizando as pessoas”, disse.
“O que está acontecendo agora não é sustentável ou desejável. O que viria depois, nós não sabemos; pode ser que o debate [sobre impeachment] avance, mas não sei. Pode ser que economia não ajude e os riscos cresçam”, completou.
Na avaliação de Arminio, há chance para uma candidatura de centro em 2022. “Candidato de centro que tenha boa proposta para o país tem chance de ganhar”, disse.
Ele também comentou as pretensões políticas do apresentador Luciano Huck. “O Huck vem se dedicando a conversar com muita gente e considera a possibilidade de ir para a política. Agora é questão de ele tomar essa decisão”, disse, acrescentando que vê com bons olhos o interesse de novos nomes na política. “Vamos ver o que o tempo produz para o Huck, está cedo ainda”, disse.
Arminio ainda lembrou que em alguns temas as atitudes do governo já produzem consequências concretas na imagem do Brasil, como o meio ambiente.
“O Brasil é hoje muito mal visto lá fora e caminha para certa irrelevância. Isso deve continuar. O que estamos fazendo sobre a Amazônia é uma loucura para o mundo, mas sobretudo para nós”, disse.
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