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Mesmo que o conflito de ideias e opiniões esteja presente na sociedade, é fundamental que os grupos envolvidos, por meio do diálogo e do respeito aos fatos, convirjam para que se possa avançar nas pautas cujos efeitos determinam os rumos do País. De acordo com o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Pedro Malan, o déficit fiscal e a educação incipiente são os principais desafios de curto e longo prazos, respectivamente, que requerem convergência de forças políticas para que o Brasil prospere.
Em entrevista ao UM BRASIL, Malan salienta que parte das dificuldades econômicas que o País enfrenta se deve ao “intervencionismo com objetivo meritório” – posto em prática a partir da segunda metade da década de 2000, elevando o gasto público – e que sem um entendimento coletivo para atacar o problema, o Estado se tornará inoperante.
“É muito complicado tentar avançar numa busca de convergência quando as pessoas não entram em acordo de forma alguma sobre qual é a natureza da evidência disponível”, pontua, referindo-se a discursos que tentam negligenciar fatos e dados. Ele complementa citando uma questão ainda em debate: “O problema da Reforma da Previdência é que, se não for feita, tende, do jeito que [o déficit] está crescendo, a expulsar do orçamento gastos com saúde, educação, segurança. Eles competem. Os recursos não são infinitos.”
Malan ressalta que, na busca pelo progresso, a discussão sobre Estado máximo ou mínimo está ultrapassada e o que interessa é a qualidade dos serviços públicos oferecidos em contrapartida aos tributos pagos pela população. “Não me incluo entre aqueles que acham que o Estado tem de ser mínimo. Sempre achei essa discussão fora de foco. O Estado deve fazer aquilo que lhe cabe”, assevera.
Diante das novas tecnologias e competências exigidas pelo mercado de trabalho, o doutor em Economia pela Universidade de Berkeley frisa que a “educação é um problema central” e que o aprendizado deve ser proporcionado “nas idades certas, os anos iniciais de vida”, para equalizar oportunidades.
“O papel do setor público é de fazer aqueles que não tiveram privilégios estar em equalização de oportunidades, e tem que ser nos anos iniciais. Não pode fazer isso no ensino médio, ou na universidade, porque aí já perdeu tempo. Esse é o grande desafio”, reforça. “O foco deveria ser o direito inalienável do aluno de aprender. Devia haver um direito de aprender na idade certa, e não tentar aprender um dia quando se ficou para trás.”
Malan avalia que a maneira pela qual o País venha a lidar com os desafios fiscal e educacional determinará o que será da sociedade brasileira. “Já vi inúmeras vezes as pessoas mudarem de opinião gradativamente porque se beneficiam do diálogo, das novas evidências e argumentos. Podemos ter mudanças que representem genuínas correções de rumo em função do diálogo, por isso atribuo tanta importância a ele”, conclui.
A entrevista é resultado do evento “III Fórum: A Mudança do Papel do Estado”, uma realização UM BRASIL; Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP); Columbia Global Centers | Rio de Janeiro, braço da Universidade Columbia; Fundação Lemann; revista VOTO; e Instituto de Estudos de Política Econômica – Casa das Garças.
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