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Hoje é Dia do Meio Ambiente. Protegê-lo é, acima de tudo, garantir qualidade de vida. As florestas têm papel decisivo em nossa vida. Da harmonização do regime de chuvas que garante a produção de alimentos e a energia limpa à biodiversidade que oferece soluções para a saúde, são extensas as contribuições para nosso bem-estar. Isso sem contar seu papel no ciclo global de carbono e no equilíbrio do clima do planeta.
No Brasil, a natureza é superlativa e diversa. Há muito o que apreciar das riquezas naturais. Cabe ir além da experiência sensorial da própria visitação, que já é especial. Precisamos nos apropriar do simbolismo da natureza que nos cerca, que nos define e pode nos colocar, se cuidarmos desse patrimônio, numa posição de liderança ambiental em escala planetária, com palpáveis benefícios econômicos e políticos. A sociedade deve exigir que esse patrimônio natural seja preservado. A visão de um Brasil verde deveria balizar nossas decisões cotidianas e, principalmente, estar no cerne de nossa identidade e no centro de nosso projeto de desenvolvimento.
É com esse espírito que precisamos olhar para a Amazônia. A ciência já mostra evidências claras de que o desmatamento corre o risco de não ser reversível, o que poderá levar à savanização da Amazônia — destruímos 20% da floresta original. O desmatamento fragiliza partes importantes da floresta, que já não conseguem manter sua biomassa, emitindo mais carbono do que absorvem. É uma crise existencial que ameaça a maior floresta tropical do mundo e põe em risco a qualidade de vida dos brasileiros na Amazônia e fora dela.
A Amazônia é também residência de 28 milhões de pessoas, cujos indicadores socioeconômicos estão defasados em relação ao restante do país. É um erro comum acreditar que novos desmatamentos seriam necessários para o desenvolvimento da região. Ao contrário, já desmatamos demais, o que tem contribuído para deteriorar o ambiente econômico na Amazônia e para aumentar a criminalidade e a conivência com a ilegalidade.
A imagem de um grande arquipélago verde permite imaginar caminhos para o desenvolvimento da região. A população está distribuída em centros urbanos inseridos num mar de florestas, o que cria desafios logísticos, mas também abre a possibilidade de desenvolver atividades de manejo sustentável da floresta. A interação entre o poder público e o mercado, nesse contexto, também é necessária e ganha novos contornos. Além de suas atribuições tradicionais, o setor público tem papel crucial na proteção da floresta e na regulação do uso sustentável de recursos naturais. O setor privado também ganha novas funções, principalmente com a estruturação do mercado de carbono e com projetos de restauro florestal.
Dada a importância da floresta, a estratégia de desenvolvimento da Amazônia requer um esquema tático mais defensivo, na linha do 5-3-2: 50% de áreas protegidas como Unidades de Conservação e Terras Indígenas, 30% de áreas de florestas de pé que podem ser objeto de exploração sustentável, e os restantes 20% já desmatados (e frequentemente degradados) explorados com consciência ambiental e social. Essa parte equivale às áreas de Espanha e Itália combinadas. É ali que devemos concentrar nossa estratégia de ataque, onde devemos privilegiar os esforços de infraestrutura, regularização fundiária, investimento e disseminação de tecnologia. Cabe tudo, desde a produção de grãos, passando por pecuária de alto desempenho, mineração industrial, silvicultura e sistemas agroflorestais, até atividades como o restauro de matas nativas, na onda da compensação de carbono.
Vamos celebrar o meio ambiente, a floresta, a Amazônia.
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