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Na visão de Armínio Fraga, o País tem capacidade para crescer 4% ao ano, mas “está lutando para crescer 2%”
Exame
O Brasil precisa combater desigualdades sociais com responsabilidade fiscal e líderes qualificados. A combinação de “bagunça orçamentária” com governos sem planejamento estratégico tem impactos profundos na vida da população mais pobre.
É o que concluem Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio fundador da Gávea Investimentos, e Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
“Num mundo onde o orçamento é bagunçado, as coisas não são muito transparentes e as prioridades não são adequadamente definidas, a gente sabe quem perde. Quem perde sempre é o pobre!”, afirma Fraga.
“Gasto mal-feito é inflação, é baixo crescimento, é sofrimento no elo mais fraco da sociedade”, complementa Hartung.
Para ambos, o que o ex-presidente do Banco Central chama de “bagunça orçamentária” tem um impacto profundo na vida cotidiana da população, causando um sentimento generalizado de incerteza e sofrimento. “O quão confortáveis as pessoas se sentem de apostar no futuro?”, questiona.
O debate sobre os desafios econômicos e políticos do País, com participação de Armínio Fraga e Paulo Hartung, foi promovido pelo Canal UM BRASIL – uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) – em parceria com o Renova Brasil e com a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os desafios do equilíbrio fiscal
Na visão de Armínio Fraga, o País tem capacidade para crescer 4% ao ano, mas “está lutando para crescer 2%”. “Enquanto vigorou no Brasil a Lei de Responsabilidade Fiscal depois o Teto de Gastos, o que aconteceu com os juros aqui no Brasil? Foi lá pra baixo”, relembra.
Para ele, a conjuntura econômica tem exigido um ajuste fiscal que parece não estar nas prioridades do atual governo. “O que vai resolver é uma discussão muito mais profunda sobre a qualidade do nosso Estado, sobre para onde os recursos vão, de forma que o país possa se desenvolver plenamente. É disso que se trata. Hoje nós não temos essa visão”, comenta.
“Nós temos, infelizmente, um governo que não tem uma visão completa do desenvolvimento do país. O Brasil é muito desigual, imensamente, absurdamente desigual. Mas como tratar dessa condição, a meu ver, infelizmente, está fora do radar”, completa.
Para ele, há um descompasso entre a política fiscal e a política monetária no País. Fraga avalia que a política fiscal, que diz respeito ao controle da receita e dos gastos do governo, é “frouxa”. Enquanto a política monetária, diz respeito ao controle sobre a oferta de moeda, é “apertada”.
“Você precisa equilibrar. São questões que atrapalham o desenvolvimento do Brasil”, conclui.
Momento exige novas lideranças
Para Paulo Hartung, que tem uma extensa vida pública e que já exerceu oito mandatos como parlamentar, o momento exige a formação de lideranças preparadas para resolver os impasses sociais e econômicos do País.
“Nós precisamos de gente qualificada, gente que rompa com o populismo, que convença e que motive a população”, afirma. “Eu acho que o nosso grande problema do Brasil e da América Latina é que entre o certo e o fácil, nós estamos tomando o caminho fácil. E está dando errado.”
Para os debatedores, é a política que resolverá a desigualdade de oportunidades no País.
“É importante uma escola de formação de líderes políticos. Para que a gente ouse no caminho certo. Se a gente combinar boas instituições com a formação de bons líderes, a gente faz o que precisa ser feito, a gente transforma o potencial que o País tem em oportunidade para o nosso povo. ”, completa Hartung.
Meio ambiente e desenvolvimento
Para os debatedores, meio ambiente e desenvolvimento caminham juntos. Nesse sentido, o Brasil tem uma série de desafios, como também muito potencial.
“O planeta precisa mudar sua matriz energética, é um desafio planetário. O problema não tem solução unilateral, tem solução multilateral. O Brasil precisa fazer sua parte”, afirma Hartung.
Para ele, as COPs têm sido espaços importantes. “A COP de Paris deu um passo à frente em relação a descarbonização. O Brasil tem desafios, como a criminalidade exposta no desmatamento, na grilagem. E tem dever de casa”, avalia.
Para ele, o Brasil tem grande capacidade de ser provedor de energia limpa e de fabricar produtos a partir desta energia. Ou seja, é possível gerar oportunidades de desenvolvimento atrelados à questão ambiental.
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