É possível fazer ajuste fiscal de forma gradual, mas é preciso “urgência no gradualismo”, diz Malan

O atual arcabouço fiscal, cuja “arquitetura” foi defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faz sentido para o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. Ainda assim, ele diz que o governo precisa sinalizar o rumo com clareza para os próximos quatro anos. Durante o evento Rumos 2025, realizado nesta segunda-feira pelo Valor.

Segundo o ex-ministro, é possível fazer ajuste fiscal de forma gradual, mas é preciso “urgência no gradualismo”. O endividamento atual, enfatizou, não é sustentável ao longo do tempo, “quando se olha o tempo além de 2026”.

Malan ressaltou que a história não registra país que tenha enriquecido depois de ter envelhecido. O país, diz ele, está envelhecendo de “forma assustadora” e isso traz efeitos nas contas públicas que ficarão evidentes nas próximas duas décadas.

Para Malan, existe hoje uma visão muito arraigada na sociedade brasileira de que o verdadeiro motor do crescimento é o gasto público, com seus impactos sobre aumento de renda, emprego e demanda doméstica. Mas é preciso buscar, diz , o crescimento sustentável a longo prazo e é preciso buscar, defende, formas de fazer essa discussão. Para ele, “existem mais possibilidades de convergência”.

O ex-ministro da Fazenda o governo precisa ter visão de longo prazo e adotar alguns procedimentos, como a avaliação técnica de programas e projetos do país. O ex-ministro mencionou projeto de lei nesse sentido encaminhado por José Serra em seu mandato como senador. Por exemplo, um programa para estabelecer no Brasil uma indústria naval para competir com outros países, é preciso discutir as tentativas anteriores e por que isso não deu certo, diz.

Ele destaca que há necessidade de se refletir de maneira clara e analítica sobre os diversos programas, porque não se trata de questão ideológica. Isso, segundo Malan, faz parte da responsabilidade do governo em geral para se ter uma visão de longo prazo.