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As grandes empresas no Brasil não se integraram devidamente ao comércio internacional nas últimas décadas e perderam em produtividade.
A opinião é do economista Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real e codiretor do Instituto de Estudos em Política Econômica da Casa das Garças.
Em mais um debate da série Diálogos, realizada pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e pela Folha, Bacha comparou a evolução das produtividades brasileira e mexicana e ressalvou que, embora seja condição necessária, a abertura econômica não dissemina automaticamente o crescimento da produtividade.
“Aqui, quem cresceu em produtividade foram as pequenas empresas. As grandes tiveram decréscimo. Essa é a coisa espantosa no Brasil. As grandes não se integraram ao comércio internacional, ficaram fechadas,
protegidas, explorando o mercado interno e cada vez menos produtivas.”
Para o economista, as pequenas empresas podem ter impulsionado suas produtividades e reduzido a informalidade devido a reformas feitas no sistema de crédito, no mercado de capitais, com o sistema tributário
Supersimples ou outros aspectos.
De acordo com Bacha, o México abriu sua economia e “teve sucesso em desenvolver um setor industrial no norte rico”, mas não houve integração doméstica, ou seja, “o dinamismo das grandes empresas exportadoras
não realimentou as empresas pequenas no sul pobre, daí resultando um lento crescimento da produtividade agregada”.
Bacha afirma que a falta de dinamismo das líderes no Brasil “fez com que todo o país se arrastasse pelo caminho de lenta produtividade, exceto quando premiado pela loteria das commodities”.
Ele ressalva que a abertura, embora seja uma condição necessária, não produz sucesso automático.
“No México, a produtividade chegou nas grandes empresas porque elas foram forçadas a competir no mercado americano, podendo absorver tecnologia americana. Mas não chega no resto do país. No resto, precisa da
ação do Estado e isso o país não tinha condição de fazer.”
Qualquer desenvolvimento carece de uma estratégia e a estrutura de incentivos precisa ser consistente com os lucros privados e sociais, na opinião de Bacha.
“Não é o lucro obtido através da proteção, que é consistente com baixa produtividade e que é consistente com deixar o resto da economia desamparada. Qual é a arte da coisa? A combinação de elementos entre
intervenção estatal e motivação para o lucro consistente com a produtividade geral da economia.”
Bacha conclui que “sem abertura, não tem jeito: ninguém cresce fechado”. Segundo ele, é preciso abrir a economia para incorporar tecnologia, ter concorrência e escala de produção.
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