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“Exultante.” É assim que o próprio economista Edmar Bacha define como se sentiu ao saber que havia sido eleito, na semana passada, imortal da Academia Brasileira de Letras. Bacha se apressa em explicar que ficou com a cadeira 40, assento não apenas de escritores dedicados à literatura. Foi criada e ocupada por homens públicos ligados à política, à economia, aos rumos do País. Por essas coincidências da vida, a eleição de Bacha veio quando já saía da gráfica uma coletânea organizada por ele justamente com esse espírito: reunir homens públicos preocupados com a política econômica nacional.
Do começo ao fim, os 27 artigos do livro A crise fiscal e monetária brasileira constituem uma reflexão coletiva de 37 autores que têm alguma ligação com as instituições públicas brasileiras – nem que seja como objeto de estudo acadêmico. Muitos deles estão ou já estiveram em órgãos públicos, como o Ministério da Fazenda, caso de Marcos Mendes, Eduardo Guardia e Pedro Malan, ou no Banco Central, a exemplo de Armínio Fraga, Gustavo Franco, Affonso Celso Pastore. Assim, Bacha deixa claro que não é um livro para leigos: “É um debate entre economistas e, como coincidiu que parte dos autores foi para o governo, pelo livro dá para saber um pouco sobre para onde o governo pode estar indo”, diz ele.
As páginas reproduzem o clima que embalou um seminário promovido por Bacha no final do ano passado na Casa das Garças, o instituto carioca popularmente chamado de ninho tucano por inicialmente reunir pensadores ligados ao PSDB.
O pano de fundo era o efeito nefasto da contabilidade criativa sobre instituições que dão suporte à economia: Tesouro Nacional, Banco Central e Conselho Monetário Nacional. O debate foi “animadíssimo”, lembra Bacha, e veio a ideia do livro. “A proposta é mostrar a importância de se preservas as instituições, de ter de uma separação clara do fiscal, do que é pertinente ao Tesouro Nacional, aos gastos e às receitas do governo; e o que é ligado à política monetária, à emissão de moeda, ao controle da taxa de juros, ao regime cambial; tudo isso sob a égide do Conselho Monetário Nacional”, explica Bacha.
O livro também é uma homenagem a outro homem público: o economista Fábio de Oliveira Barbosa, que faleceu aos 54 anos, vítima de câncer, pouco antes de o seminário ocorrer. Ex-secretário do Tesouro, Barbosa é saudosa referência entre boa parte dos autores do livro por seu trabalho na organização da área fiscal. A ele dedicam o prefácio da coletânea, assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e intitulado “A falta que faz”.
Apesar de viver no Rio, Bacha faz hoje a primeira seção de autógrafos na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na capital paulista, a partir das 19 h.
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