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Em entrevista à CNN Brasil na noite desta segunda-feira (9), o ex-presidente do Banco Central (BC) disse que não se justifica o argumento do ministério da Economia de que a dívida dos precatórios foi uma surpresa e que o não pagamento dessas dívidas é um calote. “Não pagar é, sim, uma forma de calote, não adianta querer dourar a pílula. É um problema muito sério”, disse Fraga.
O ex-presidente do BC explicou que é um problema sério pois o precatório é uma sentença transitada em julgado, com todas as instâncias esgotadas. “E está se buscando uma maneira de evitar esse pagamento que é uma despesa, uma dívida”, reforçou.
Armínio Fraga ainda destacou que o que está acontecendo é algo bem conhecido em Brasília pelo nome de ‘prioridades invertidas’. “Costuma-se dizer ‘a sindrome das prioridades invertidas’, quando o governo vai gastado primeiro com coisas menos importantes e deixa o mais importante para o final, mas depois anuncia que acabou o dinheiro”, conta.
“Isso é algo que espelha uma situação orçamentária muito complicada. É uma falta de prioridade antiga. O investimento público no Brasil está caminhando para zero. E as coisas não podem ficar desse jeito. É um quadro que requer uma resposta muito mais profunda para colocar o país nos trilhos”, avalia.
Comentando sobre a percepção de risco fiscal, Armínio Fraga afirmou que há esse sentimento. “Houve um momento de certo alívio recentemente, porque o PIB foi melhor do que se esperava. Mas a inflação está alta. A situação é que o governo segue com déficit primário, apesar de muitas despesas comprimidas, segue com uma dívida alta, não tanto quanto antes, mas a tendência é de crescimento.”
Fraga avalia que é preciso incluir ainda no impacto nos mercados o grau de turbulência e de incertezas, que segundo ele, na área política, “é avassaladora”. “Esse quadro combinado com as finanças fragilizadas do país, caracteriza uma situação perigosa. Precisa ser de uma forma ou de outra resolvida e num tempo relativamente curto.”
O ex-presidente do BC acredita ainda que o país “está vivendo uma situação de país sem rumo”. “Para onde é que estamos indo? O que o governo quer do país? Isso assusta. E um país, para investir, precisa acreditar no futuro. Mas hoje há muita incerteza e muito medo sem perspectiva pela frente. E os problemas vão se acumulando”, avalia.
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