Data:
Autor:
Veículo:
Compartilhe:
O economista Armínio Fraga afirmou que Gabriel Galípolo deve tomar cuidado para não repetir o governo Dilma Rousseff.
Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, foi indicado nesta quarta-feira (28) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a presidência da autarquia. Ele vai substituir Roberto Campos Neto a partir do ano que vem.
“Nosso país tem uma certa dificuldade de aprender. Não podemos repetir a Dilma”, disse Fraga à coluna.
O economista, que comandou o BC entre 1999 e 2002, refere-se a um período em que o então presidente do banco, Alexandre Tombini, deu uma guinada na política monetária e cortou os juros, contrariando todas as expectativas.
Tratava-se de uma orientação política de Dilma, que havia assumido com o compromisso de reduzir a taxa Selic. O movimento foi um desastre e provocou um descontrole das expectativas inflacionárias e, posteriormente, novo ciclo de aumento dos juros.
Galípolo foi secretário-executivo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e é da confiança de Lula. O mandatário vem criticando a alta taxa de juros do país e já afirmou que, com um novo comandante no BC, o banco teria uma “nova filosofia”.
Fraga afirma que a atuação do presidente do BC é limitada pela legislação, pelas resistências do mercado, que reage quando há interferências políticas no órgão, e também pela própria política.
“Se o BC perde o controle da inflação por causa de uma decisão errada, vai ter cobrança da população e queda da popularidade do governo”, explica.
Para o economista, o principal problema do Brasil hoje não está na política monetária, mas na política fiscal frouxa, que dificulta o trabalho de BC de baixar os juros.
Tombini ou Meirelles?
Para Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central, a proximidade entre Galípolo e Lula pode ser um trunfo se o novo presidente do BC souber construir uma relação parecida com a que existia entre Lula e Henrique Meirelles.
O economista Henrique Meirelles comandou o Banco Central durante os dois primeiros mandatos do petista.
“Temos duas possibilidades: uma relação Dilma – Tombini ou Lula – Meirelles. O Meirelles conseguia explicar para o Lula quando era preciso subir os juros”, afirmou Volpon.
Ele acredita que a segunda possibilidade é a mais provável dadas as declarações e os posicionamentos de Galípolo durante esse período em que atuou como diretor do Banco Central.
Volpon também aposta numa redução dos conflitos entre Lula e o BC. O presidente costuma atacar o atual comandante do banco, Roberto Campos Neto, que foi indicado por seu antecessor, Jair Bolsonaro, provocando muita volatilidade no preço dos ativos.
Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, o nome de Galípolo já era esperado pelo mercado, mas faltaria qualificação acadêmica, além dos riscos de interferência política. “Ele vai ter que pagar um pedágio e construir credibilidade. Se não pagar, o dólar vai dar um salto”, diz o economista.
A indicação de Galípolo ainda precisa ser aprovada pelo Senado.
Av. Padre Leonel Franca, 135, Gávea
Rio de Janeiro/RJ – Brasil
CEP: 22451-041
Desenvolvido por Studio Cubo