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Nossos hermanos estão na beira de uma hiperinflação, em meio a uma eleição indefinida e talvez na véspera de um “pacotão” semelhante ao que foi implementado no Equador
Há muito em jogo na eleição argentina, os assuntos internacionais parecem todos interligados numa grande polarização planetária que alguém precisa começar a desmontar antes que seja tarde. Mas não queria tratar disso, mas de tema menos lancinante, mas inevitável para um apaixonado por assuntos monetários extremos.
Nossos hermanos estão na beira de uma hiperinflação, em meio a uma eleição indefinida e talvez na véspera de um “pacotão” semelhante ao que foi implementado no Equador. Estudioso que sou desses temas, comprei e li com grande interesse o livro de Emilio Ocampo e Nicolás Cachanosky (“Dolarización: uma solución para Argentina”), assessores de Milei.
Aí parece estar a novidade, a próxima ideia a explorar, sendo certo que a inflação é o grande debate econômico dessa eleição.
Vamos ao mérito, ainda que o espaço não permita mais que um cheiro.
Não se trata de conversibilidade ou de outra versão do currency board dos anos 1990, mas de um passo além: a extinção da moeda nacional.
Parece estranho, mas não é tão incomum. Franceses, espanhóis e alemães o fizeram, ainda que por razões bem diversas das do Equador.
Não há muito mistério em dar “curso legal” (obrigatoriedade de aceitar) a outra(s) moeda(s), inclusive no pagamento de impostos. Ao aceitar também euros, por exemplo, os argentinos iam complicar a vida dos que definem o plano como de “dolarização”, não?
Poderiam inclusive aceitar reais (o pessoal da “moeda comum” ia ficar vendo estrelas), libras esterlinas, renminbis ou dólares australianos, é uma decisão deles, por que não? Por que não a cesta SDR/FMI?
Teriam que ser moedas com as quais o Tesouro argentino pudesse fazer seus pagamentos. Não é tão complicado, e a vantagem seria a de livrar o plano do seu maior problema: “dolarização” é um péssimo título para o filme, especialmente se vem junto com a extinção levemente vexaminosa da moeda nacional.
Com variações menores, e outro nome (deve haver algo melhor do que “euroisação”), Massa pode adotar a mesma ideia, caso vença.
É claro que estamos apenas especulando na estratosfera das premissas arquitetônicas. Há 250 mil detalhes impossíveis, o papel moeda (que se transforma numa stablecoin), os títulos que vencem (LELIQs que podem virar um BONEX), o digital, os fluxos descasados, os fundamentos macro, um inferno operacional e político. Ignorar os detalhes apenas porque os demônios são conhecidos é uma tolice típica de amadores. Pense na pessoa que diz ter uma solução para os conflitos do Oriente Médio, porém ignorando os detalhes.
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