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O ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Rio Bravo Investimentos, Gustavo Franco, vê com preocupação o problema de comunicação no BC. Nos últimos dias, o atual presidente da autarquia federal, Roberto Campos Neto, e o economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ocupar a presidência da instituição, deram declarações divergentes sobre o rumo da taxa Selic.
“O sistema de metas é um sistema de coordenação de expectativas, e isso não pode ser perdido de vista, é um sistema destinado à formação de consenso com relação às expectativas, e todos participam. Fico preocupado quando ouço que tem um problema de comunicação”, disse Franco durante a Expert XP 2024, que acontece entre hoje e amanhã em São Paulo.
Franco aproveitou o evento para dar dicas para Galípolo, que ainda precisa ser sabatinado pelo Senado Federal antes de assumir a função. “O principal é (seguir) o que está escrito na lei. É uma diretoria colegiada, então ouça seus colegas, haja sempre em conjunto, são nove (membros no Copom), nove é muito melhor do que um, se fala um, falam todos e falam a mesma coisa, e isso lhe faz nove vezes mais inteligente”.
O economista também falou que o país enfrenta um obstáculo devido à incosistência entre as políticas fiscal e monetária.
“A politica fiscal ficou com mais força e, portanto, a pressão pelo lado da politica fiscal pode acenturar o crowding out– ou seja, chutar os juros pra cima”, disse. “E aí alguma coisa pelo lado do fiscal precisa vir para alterar esse balanço, do contrário a posição de que precisa subir juro vai ganhar força e vai acentuar o problema, e o Palácio (do Planalto) vai ficar irritado”.
Franco também falou sobre o Plano Real, que ajudou a criar, e a evolução das contas fiscais do Brasil. O projeto de estabilização econômica, falou, só foi possível por causa da criação de instituições da política monetária. Sobre as contas públicas, ele falou que o processo aconteceu, mas foi lento e caótico. Um dos pontos que ajudou o país a entrar nos trilhos foi um acordo com Fundo Monetário (FMI), feito na década de 90 . “Em dois, três meses, o país conseguiu sair de déficit de -0,5% para 2, 3% de superavit primário”.
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