Abertura comercial e desenvolvimento


O Brasil é uma das maiores economias do mundo, responsável por 3% de tudo que se produz no planeta, mas possui uma participação irrisória no comércio internacional – 1% apenas. “Somos um gigantinho na economia, mas um anão no comércio internacional”, resume o economista Edmar Bacha.

A abertura, argumenta, é talvez a reforma mais urgente a ser feita no Brasil, porque ela induz a realização de outras reformas. Sob a proteção de barreiras contra a competição estrangeira, não há incentivos para o investimento em produtividade e as empresas nacionais tendem a ser pouco competitivas.

Bacha analisou a histórias de países bem-sucedidos nas últimas décadas e um traço comum em todos foi a abertura comercial. “Para ficar rico é preciso se abrir”, diz Bacha. Mas adverte: “Não basta abrir para ficar rico. É uma condição necessária, como demonstram casos de sucesso, mas não suficiente”.

A abertura poderá alavancar a criação de empregos e contribuir para a diminuição das desigualdades no País. Bacha, contudo, diz que para que a riqueza seja mais bem distribuída é necessário realizar “duas integrações”: “A integração externa e a integração interna, tanto do ponto de vista regional como social”. Ele cita como exemplo negativo o México, que ampliou a sua participação no mercado internacional, mas que, sem fazer reformas internas, viu regiões mais ao Norte progredirem, enquanto o Sul permaneceu em desvantagem.

Na entrevista, Bacha lista os motivos e interesses que mantêm o Brasil preso ao protecionismo e fala sobre as perspectivas no pós-pandemia.